Criação da ORDEM DOS ARTISTAS

Sinto-me insultada face a tal petição mais descompensada.

"Tal urgência na criação, da ORDEM DOS ARTISTAS em Portugal, por Lei ou Decreto-Lei ou dinamização pelos Ministros das tutelas, impõe-se pela ausência de sindicatos ou organismos governamentais, com poder legal e obrigatório, para emitirem a Carteira Profissional de Artista, como aconteceu outrora."

A ausência de sindicatos, a falta de financiamento à cultura, as lacunas existentes para regulamentar a práctica artística como profissão, etc. etc. não se resolvem com a criação de uma Ordem. Existem problemas a nível laboral e legislativo, é certo, mas uma Ordem NÃO É, DE TODO, a solução ideal para as barreiras que os artistas encontram no dia-a-dia. Combater a precariedade das profissões artistícas através de uma organização absolutamente austera e segmentária e, ainda por cima, impondo quotas para ditar que quem paga é quem pode ser artista, é completamente CONTRADITÓRIO. Esta petição vai CONTRA a própria visão do que é a Arte em toda a sua plenitude e só condiciona ainda mais a prática artística para quem pode financeiramente e não para quem realmente pode ter competência. 

Já agora, essa competência constrói-se de múltiplas maneiras, podendo um artista ter formação académica para tal, ou não. Um artista pode ser formado em Direito e mesmo assim ter um corpo de trabalhos completamente válidos na área artística. E só por ter formação em Direito, só pode pertencer à Ordem dos Advogados? São inúmeros os exemplos ao longo da História da Arte de indivíduos com outras formações e que traçam um percurso artístico. A Arte como profissão é só uma pequena parte da sua aplicação e definição. Na verdade, a sua definição é completamente mutável. E é essa a sua riqueza. A mutabilidade da Arte deixaria uma Ordem completamente de rastos.