Tombamento Cultural do Teatro Aliança Francesa
Em 2024, o Teatro Aliança Francesa comemora 60 anos, mas pode ser que nem chegue até seu aniversário, pois sua existência está ameaçada. A proprietária e atual mantenedora colocou à venda o prédio da Rua General Jardim 182, ameaçando a existência não só do espaço cultural, mas também da própria edificação dos anos 50.
Estamos observando cotidianamente a especulação imobiliária e a força das construtoras, inclusive com lobby na Câmara Municipal. Vários patrimônios histórico-culturais estão sendo substituídos por prédios gigantes, destruindo a estética e a memória paulistana.
Desde sua inauguração em 1964, o Teatro Aliança Francesa destaca-se como um espaço de encontros intelectuais e artísticos. Ao longo dos anos, importantes nomes da dramaturgia brasileira se apresentaram e foram ali revelados, como Marília Pêra, Gianfrancesco Guarnieri e Antônio Fagundes Além disso, o espaço já acolheu textos de grandes escritores franceses, de Molière a Eugene Ionesco, e possibilitou residências artísticas, como a do grupo TAPA que durou mais de uma década.
Na história recente, o Teatro Aliança Francesa vem realizando uma programação constante e diversificada, apoiada inclusive por leis de incentivo fiscal e com selo de "utilidade pública". Além da programação teatral, de abrangência nacional e internacional, elegida por um Comitê de Curadoria, outras linguagens artísticas e atividades integram a programação do Teatro. Debates, sessões de cinema, concertos musicais e palestras levam em frente a ideia de oferecer um ponto de encontro artístico e intercultural no Centro de São Paulo.
O espetáculo que inaugurou o palco do Teatro Aliança Francesa estreou em março de 1964, na mesma semana em que os militares contrários ao governo destituíram o então presidente do Brasil, João Goulart. O Teatro Aliança Francesa abriu suas portas ao público no mesmo momento em que o país se viu tomado por um regime ditatorial. Foi a partir desta ação histórica que este espaço teatral localizado no coração da cidade de São Paulo tornou-se um ponto de resistência artística e intelectual, abraçando o centro de São Paulo nas suas diversidades e animosidades, tornando-se um local de resistência cultural e artística em um dos locais mais simbólicos da capital paulistana.
Com o intuito de tentar preservar esse espaço tão importante, foi encaminhado aos órgãos competentes pedidos de tombamento cultural. A questão agora é que, se dependermos unicamente da celeridade desses órgãos e pode ser tarde demais.
Vamos ajudar a fazer com que essa petição recolha muitas assinaturas e chegue à imprensa e Ministério Público para que possamos preservar mais um patrimônio histórico-cultural, polo difusor das artes e berço de artistas importantes.
PS1: O prédio-sede de 7 andares + terraço é do Jacques Pilon, projeto de 1955, também com valor arquitetônico e histórico. Pilon participou de vários projetos importantes do centro de São Paulo, como a Biblioteca Mário de Andrade, o viaduto General Olímpiio da Silveira e muitos outros: https://arquivo.arq.br/profissionais/jacques-pilon
PS2: No mesmo prédio, no primeiro andar, há a Biblioteca Caludie Monteil, que já foi uma das mais importantes bibliotecas de língua francesa da América do Sul, também será desativada e seu acervo, perdido.
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